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ESGOTAMENTO PASTORAL

Nos últimos anos, pastores evangélicos nos Estados Unidos praticaram suicídio e temos recentemente recebido notícias deste trágico acontecimento entre pastores em solo brasileiro. É natural que surjam muitas perguntas sobre o que leva alguém a esta atitude extrema, principalmente, quando acontece entre líderes religiosos. Ingressei em uma Igreja, ainda adolescente, na década de 80

  • 05/06/2024

ESGOTAMENTO PASTORAL

Disse-lhe, porém, o Senhor: Vai, porque este é para mim um vaso escolhido, para levar o meu nome diante dos gentios, e dos reis e dos filhos de Israel. Atos 9:15

Nos últimos anos, pastores evangélicos nos Estados Unidos praticaram suicídio e temos recentemente recebido notícias deste trágico acontecimento entre pastores em solo brasileiro. É natural que surjam muitas perguntas sobre o que leva alguém a esta atitude extrema, principalmente, quando acontece entre líderes religiosos. Ingressei em uma Igreja, ainda adolescente, na década de 80. Acredito que como eu, muitos cresceram com uma visão romantizada sobre as pessoas que exercem a liderança pastoral, descritas como quem tem uma comunhão maior com Deus, fé inabalável e são capazes de suportar grande pressão. Visão totalmente desconectada da situação que observamos ao longo da história e do que a bíblia registra. São muitos os personagens bíblicos que passaram por situações de grande estresse e que nem sempre reagiram com a calma e serenidade que se espera de alguém usado por Deus. Contrariando o texto bíblico que mostra com naturalidade a fragilidade dos seus personagens, é muito mais comum do que pensamos, líderes religiosos consultando com psiquiatra em horário diferenciado para que seus liderados não descubram que o pastor “tem problemas”. Diante de um assunto tão complexo, acredito que podemos nos concentrar em um ponto, as expectativas. Pior do que saber que muitas pessoas criam expectativas irreais sobre o líder religioso, é quando este líder acredita que precisa atendê-las. É uma verdadeira missão impossível e muitos se frustram por não conseguir ser do jeito que os outros gostariam que ele fosse e muito menos do jeito que gostaria de ser. E quando falham, esperam ser tratados como seres humanos passíveis de falhas, mas o nível de cobrança é elevado e até desproporcional gerando sérios problemas. Muitos se sentem injustiçados e frustrados, sofrendo com ansiedade, frustrações, estresse e possivelmente depressão. Ansiedade e o estresse não são obrigatoriamente ruins, mas experimentados de forma contínua e profunda fatalmente produzirão algumas doenças, entre elas a depressão.  Os pastores não estão imunes a este tipo de transtorno que podem ter sua origem em causas psicológicas, fisiológicas, uso de medicamentos ou até hereditárias. É um assunto complexo que não tem solução simples, mas podemos pensar em algumas atitudes que podem ajudar, principalmente quando adotadas preventivamente: a) Melhore a vida devocional: Pode parecer estranho falar com pastores sobre a importância da leitura da bíblia e oração, mas pesquisas apontam um alto índice de líderes religiosos que só leem a Bíblia para preparar suas mensagens; b) Invista em sua família: O seu lar precisa ser um abrigo em meio a tempestade e mais cedo ou mais tarde elas virão. Não permita que o exercício do ministério seja o provocador de conflitos em sua casa; c) Cuide da sua saúde: exames regulares são necessários em qualquer idade. Após os 30 anos, a consulta ao cardiologista deve ser anual. Se tudo estiver bem, após os 40, é a hora de começar a visitar o urologista, e por ai vai; d) Respeite o dia de descanso: Sempre existirá a necessidade de alguma reunião, realização de eventos e outros. Lembre-se que quem não tem tempo para parar, corre o risco de o corpo o obrigar a parar. Se a urgência do momento exigir que use o seu dia de descanso para alguma atividade da Igreja, descanse em outro dia o mais rápido possível; e) Cuide da sua vida sexual: envolve muito além de considerações sobe quantidade e qualidade, mas também suas crenças sobre o sexo, possíveis conflitos e como lida com as tentações; f) Faça atividade física regular: caminhar 30 minutos, três vezes por semana, é muito pouco, mas é um bom começo. Não tem jeito: pagar alguém para caminhar no seu lugar não resolve. Já tive esta discussão com o médico e ele foi irredutível em afirmar que eu teria que ir pessoalmente! E para finaliza: g) Tenha alguém com quem desabafar: de preferência que não seja apenas a esposa. Na verdade, em alguns casos, o melhor mesmo é poupar a família de algumas particularidades do ministério pastoral. Converse com outro pastor mais experiente em quem você confia. Hoje, a internet facilita a comunicação. Se perceber que o quadro está ficando mais sério, procure ajuda profissional de um psicólogo ou até psiquiatra, apenas não sofra sozinho, divida a sua dor e lembre-se que a nossa missão é muito nobre e especial, mas que somos simples frágeis vasos de barro.

Pastor Neudelon Azevedo - Autor dos livros Comece Bem a Semana e Manual de Aconselhamento Cristão Cognitivo e Cicatrizes Invisíveis: A Batalha Interior Contra a Ansiedade 

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Psicólogo Clínico Cognitivo Comportamental. CRP:04/22250

Consultório: Rua João Pinheiro, 599 - GV trade Center, sala 209  - Governador Valadares/MG
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