ESGOTAMENTO PASTORAL
Disse-lhe, porém, o Senhor: Vai, porque este é para mim um vaso
escolhido, para levar o meu nome diante dos gentios, e dos reis e dos filhos de
Israel. Atos 9:15
Nos últimos anos, pastores evangélicos nos Estados Unidos praticaram
suicídio e temos recentemente recebido notícias deste trágico acontecimento
entre pastores em solo brasileiro. É natural que surjam muitas perguntas sobre
o que leva alguém a esta atitude extrema, principalmente, quando acontece entre
líderes religiosos. Ingressei em uma Igreja, ainda adolescente, na década de
80. Acredito que como eu, muitos cresceram com uma visão romantizada sobre as
pessoas que exercem a liderança pastoral, descritas como quem tem uma comunhão
maior com Deus, fé inabalável e são capazes de suportar grande pressão. Visão
totalmente desconectada da situação que observamos ao longo da história e do
que a bíblia registra. São muitos os personagens bíblicos que passaram por
situações de grande estresse e que nem sempre reagiram com a calma e serenidade
que se espera de alguém usado por Deus. Contrariando o texto bíblico que mostra
com naturalidade a fragilidade dos seus personagens, é muito mais comum do que
pensamos, líderes religiosos consultando com psiquiatra em horário diferenciado
para que seus liderados não descubram que o pastor “tem problemas”. Diante de
um assunto tão complexo, acredito que podemos nos concentrar em um ponto, as
expectativas. Pior do que saber que muitas pessoas criam expectativas irreais
sobre o líder religioso, é quando este líder acredita que precisa atendê-las. É
uma verdadeira missão impossível e muitos se frustram por não conseguir ser do
jeito que os outros gostariam que ele fosse e muito menos do jeito que gostaria
de ser. E quando falham, esperam ser tratados como seres humanos passíveis de
falhas, mas o nível de cobrança é elevado e até desproporcional gerando sérios
problemas. Muitos se sentem injustiçados e frustrados, sofrendo com ansiedade,
frustrações, estresse e possivelmente depressão. Ansiedade e o estresse não são
obrigatoriamente ruins, mas experimentados de forma contínua e profunda
fatalmente produzirão algumas doenças, entre elas a depressão. Os
pastores não estão imunes a este tipo de transtorno que podem ter sua origem em
causas psicológicas, fisiológicas, uso de medicamentos ou até hereditárias. É
um assunto complexo que não tem solução simples, mas podemos pensar em algumas
atitudes que podem ajudar, principalmente quando adotadas preventivamente:
a) Melhore a vida devocional: Pode parecer estranho falar com
pastores sobre a importância da leitura da bíblia e oração, mas pesquisas
apontam um alto índice de líderes religiosos que só leem a Bíblia para preparar
suas mensagens; b) Invista em sua família: O seu lar precisa
ser um abrigo em meio a tempestade e mais cedo ou mais tarde elas virão. Não
permita que o exercício do ministério seja o provocador de conflitos em sua
casa; c) Cuide da sua saúde: exames regulares são necessários
em qualquer idade. Após os 30 anos, a consulta ao cardiologista deve ser anual.
Se tudo estiver bem, após os 40, é a hora de começar a visitar o urologista, e
por ai vai; d) Respeite o dia de descanso: Sempre existirá a
necessidade de alguma reunião, realização de eventos e outros. Lembre-se que
quem não tem tempo para parar, corre o risco de o corpo o obrigar a parar. Se a
urgência do momento exigir que use o seu dia de descanso para alguma atividade
da Igreja, descanse em outro dia o mais rápido possível; e) Cuide da sua
vida sexual: envolve muito além de considerações sobe quantidade e
qualidade, mas também suas crenças sobre o sexo, possíveis conflitos e como
lida com as tentações; f) Faça atividade física regular: caminhar
30 minutos, três vezes por semana, é muito pouco, mas é um bom começo. Não tem
jeito: pagar alguém para caminhar no seu lugar não resolve. Já tive esta
discussão com o médico e ele foi irredutível em afirmar que eu teria que ir
pessoalmente! E para finaliza: g) Tenha alguém com quem desabafar: de
preferência que não seja apenas a esposa. Na verdade, em alguns casos, o melhor
mesmo é poupar a família de algumas particularidades do ministério pastoral.
Converse com outro pastor mais experiente em quem você confia. Hoje, a internet
facilita a comunicação. Se perceber que o quadro está ficando mais sério,
procure ajuda profissional de um psicólogo ou até psiquiatra, apenas não sofra
sozinho, divida a sua dor e lembre-se que a nossa missão é muito nobre e
especial, mas que somos simples frágeis vasos de barro.
Pastor Neudelon Azevedo - Autor dos livros Comece Bem a Semana e Manual de Aconselhamento Cristão Cognitivo e Cicatrizes Invisíveis: A Batalha Interior Contra a Ansiedade
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Psicólogo Clínico Cognitivo Comportamental. CRP:04/22250
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